domingo, 17 de fevereiro de 2013

Ilha da Queimada Grande


Assim é, para a maioria das pessoas, a Ilha da Queimada Grande, um íngreme rochedo de granito com duzentos metros de altura que ergue-se de um mar profundo a cerca de 32 km da costa de Itanhaém, litoral sul do estado de São Paulo, e que surgiu de um desdobramento da Serra do Mar.
O nome "Queimada" tem várias origens mas com certeza refere-se aos constantes incêndios ocorridos na Ilha devido a ação de raios. Na época de seca o capim resseca e torna-se facilmente "inflamável"...
A Ilha de Queimada Grande, foi apontada como o verdadeiro Inferno na Terra.Sabe por que? Porque ela possui a incrivel média de 9 cobras por metro quadrado.Para os cientistas a Ilha da Queimada Grande é o berço de uma serpente única, não encontrada em nenhum outro local do planeta. Um animal fascinante de hábitos e comportamentos diferenciados e que, desafiando os prognósticos, continua ainda, rainha de seu território: a Bothrops insularis.Conhecida popularmente como Jararaca-Ilhoa ela provavelmente conquistou seu território nos últimos 17 mil anos quando o mar regrediu, por duas vezes, unindo a Ilha ao continente por uma vasta extensão de areia e vegetação.

As Jararacas-Ilhoa estão restritas à Ilha e não entram na água salgada.
Sua população é muito alta e torna a Ilha o local de maior concentração de serpentes por metro quadrado do mundo.
O isolamento geográfico sofrido por esta serpente propiciou, no decorrer da evolução da espécie dentro de um habitat insular, adaptações não comuns à maioria das outras jararacas como a de subir com facilidade em árvores e a de se alimentar de pássaros (na Ilha não existem mamíferos, à exceção de morcegos que vêm constantemente do continente) e consequentemente não há roedores, alimento básico da dieta das jararacas do continente.Todo este processo evolutivo, associado à quantidade de animais e a escassez de alimento em determinadas estações, influenciaram na especialização de sua mais poderosa arma: a peçonha.
O veneno da Bothrops insularis é potencialmente muito mais forte do que o das jararacas do continente.
É cerca de 14 vezes mais letal para um camundongo podendo matar uma ave em poucos segundos. Até hoje todas as pessoas picadas na ilha morreram. Eram faroleiros, pescadores desavisados e curiosos.
A Ilha é de propriedade da Marinha do Brasil e é tombada por vários decretos federais, sendo considerada área de segurança pela presença de um farol automatizado de sinalização.
Não são autorizados o desembarque e permanência sem prévia autorização. Somente pesquisadores e o pessoal da marinha responsável pela manutenção do farol são autorizados. A coleta de espécimes na Ilha também tem que ser autorizada pelo IBAMA. A retirada de exemplares constitui um grave crime perante a lei de proteção à fauna e a forças armadas.
Mas a rainha Jararaca-Ilhoa, presente em grande quantidade, não reina sozinha. Uma outra espécie de serpente conhecida como "Dormideira" (Dipsas albifrons cavalheroi) também é encontrada porém, ao contrário da primeira, é totalmente inofensiva e rara. Alimenta-se apenas de pequenos moluscos terrestres que encontra na mata.

A fauna da ilha é rica também em outras espécies: Aranhas Armadeiras são muito comuns e também constituem um perigo à parte...
A vegetação atlântica abriga principalmente anfíbios e pequenos lagartos que servem de alimento à jovens insularis.
Dentre as aves marinha o mergulhão ou atobá (Sula leucogaster) é quem domina os rochedos, acompanhado de pequenos grupos de gaivotas e fragatas.
O imenso bloco de granito com cerca de 430 mil metros quadrados (1,5 km de comprimento por 500 m de largura máxima) é um grande laboratório natural que vem sendo estudado por diversos especialistas a anos.
O mar profundo que envolve a Ilha é de beleza e clareza raras. Cardumes de lulas, arraias, baleias, tartarugas e golfinhos são comuns naquelas águas. A Ilha da Queimada Grande é reconhecida pela comunidade científica brasileira e mundial como um vasto santuário ecológico e que necessita ser preservado.




A fama da Ilha e a reputação injusta da Jararaca-Ilhoa são, infelizmente, muito mais divulgados pelo lado deturpado e sensacionalista do que pela sua importância para a ciência.



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