segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Unidade 731


A Unidade 731 ficava localizada no distrito de Pingfang, na cidade de Harbin, no estado fantoche de Manchukuo (nordeste da China). Foi responsável por alguns dos crimes de guerra na China e outros países da Ásia, numas das maiores atrocidades realizadas pelo exército imperial japonês.
Suas atividades permaneceram em segredo sob o conhecimento do governo japonês e governo norte-americano, vindo a tona a verdade em 1989 com a descoberta de cadáveres no subsolo da cidade de Tóquio por operários.
Os trabalhos da unidade permaneceram inéditos ate a descoberta, em uma loja de livros usados, de anotações feitas por um oficial da Unidade 731. Os documentos descreviam detalhadamente as experiências biológicas e demostravam que as cobaias das experiências de Shiro Ishii e sua equipe eram seres humanos. jovem Ishii era um brilhante microbiólogo do exercito. Com sua carismática personalidade, logo atraiu a atenção dos oficiais veteranos e conseguiu uma rápida promoção de posto. Aliando-se com ultranacionalistas do Ministério de Guerra do Japão, Ishii fez uma forte pressão a favor do desenvolvimento de armas biológicas.

Conhecidas como "Campo de Prisão Zhong Ma", as instalações da Unidade 731 foram costruídas com mão-de-obra forçada chinesa. No centro, existia um edifício , o 'Castelo Zhong Ma', que mantenham os prisioneiros em um laboratório .
Os escolhidos para os testes humanos era chamados de 'marutas', que significa troncos. Numerados em ordem crescente ate o numero 500, os prisioneiros eram desde 'bandidos' e 'criminosos' ate 'pessoas suspeitas'. Eram bem alimentados e faziam exercícios regularmente, somente porque sua saúde era vital para a obtenção de bons resultados científicos.
Quando Ishii necessitava de um cérebro humano para uma experiência, ordenava que os guardas obtivessem o órgão. Enquanto o prisioneiro era pego por um dos guardas, que segurava seu rosto contra o chão, o outro quebrava-lhe o crânio com um machado. O órgão era retirado grosseiramente e levado rapidamente ao laboratório de Ishii. Os restos mortais do prisioneiro sacrificado eram lançados no crematório do campo.
As primeiras experiências centraram-se nas doenças contagiosas, como o antraz e a peste. Em um dos testes, guerrilheiros chineses foram infectados com bactérias da peste. Doze dias depois, os infectados contorciam-se com febres de 40 graus celsos. Um desses guerrilheiros conseguiu sobreviver por 19 dias antes que lhe fizessem uma autopsia enquanto ainda estava vivo.

Alguns prisioneiros foram envenenados com gás fosfina e em outros foi aplicado cianureto de potássio. Outros prisioneiros foram submetidos a descargas elétricas de 20.000 volts. Os prisioneiros que sobreviveram ficavam à disposição para receberem injeções letais ou para serem dissecados vivos. Cada morte era registrada por membros da unidade.

A qualidade do trabalho, assim como sua personalidade, garantiram a Shirô Ishii um crescente poder. Em 1939, pôde mudar-se para instalações tão grandes quanto o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau da Alemanha nazista. O novo quartel general da unidade 731 situava-se em Pingfan, Manchúria.

O complexo de Pingfan possuía 6 km2 e abrigava edifícios administrativos, laboratórios, galpões, uma prisão para indivíduos submetidos aos teste, um edifício de autópsias e dissecação e três fornos crematórios. Um campo localizado em Mukden, detinha os prisioneiros de guerra americanos, britânicos e australianos, que também eram usados nas experiências.

As baixas temperaturas diminuíram o rendimento militar durante os rigorosos invernos da Manchúria. Por esse motivo, as experiências sobre o congelamento foram especialmente desenvolvidas. Alguns prisioneiros eram deixados nus, ficando submetidos a temperaturas abaixo de zero e seus membros eram golpeados com paus até que se produzissem sons secos e metálicos indicando que o processo de congelamento estava terminado. Em seguida, os corpos eram "descongelados" através de técnicas experimentais.

Sem nenhum sentimento de culpa, Ishii redigia regularmente documentos nos quais descrevia os resultados de suas experiências. Nestes relatórios, dizia que os teste eram realizados em macacos. O uso de seres humanos como cobaias era mantido em segredo.
Até o fim da segunda guerra mundial, Ishii, então tenente-coronel, fez um pacto de juramento com seus subordinados para manter as experiências em segredo. Pingfan e outros lugares foram destruídos, e Ishii e seus homens regressaram para casa no anonimato. As atividades da unidade 731 permaneceram ocultas.

Desejando impedir que os soviéticos obtivessem as informações de Ishii, os Estados Unidos fizeram um pacto com o próprio. Porém, era necessário vencer um importante obstáculo. As experiências deviam ser ocultadas, deveriam ser o "maior dos segredos", o mais obscuro deles. Os prisioneiros de guerra que regressavam, davam terríveis depoimentos sobres as experiências que foram realizadas neles. Se estes depoimentos se tornassem conhecidos, a opinião pública ficaria indignada e exigiria medidas drásticas. Portanto, havia apenas uma saída: o encobrimento dos fatos.

Depois da guerra, muitos dos responsáveis pelas experiências japonesas tiveram muita sorte. Vários deles graduaram-se em medicina e um deles chegou a dirigir uma companhia farmacêutica japonesa. Outros ocuparam cargos que foram desde a presidência da Associação Medica japonesa ate a vice-presidência da Green Red Cross Corporatino. Um membro da equipe de congelamento chegou a tornar-se um importante empresário da industria frigorifica japonesa. Shirô Ishii morreu em 1959 sem mostrar nenhum sinal de arrependimento.
Antes de cessar suas atividades, Ishii ainda iria influenciar mais profundamente os aliados. A aceitação de seu trabalho significou que havia sido ignorado o termo que impedia a utilização de seres humanos como cobaias de experiências cientificas, estabelecido no acordo de 1925, na Convenção de Genebra. Os cidadãos dos Estados Unidos e do Reino Unido serviram de cobaias, desta vez nas cínicas mãos de seus próprios governos.


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